segunda-feira, 24 de outubro de 2011

se não dividida, se inteira, se integrada: aqui jaz Das Delas. Acordada em outro tempo, bastão entregue para Outra Eternidade. AHOM
Aos novos velhos códigos.
Aqueles que me são e não são familiares. Se há algo em minha árvore que me diz, posso tranquilamente desdizer porque não vivi.
Que venha acordar Vida desse mundo desconhecido.
Que venha acordar o Amor o Prazer e os novos Desejos. Nesses tempos, esses em que tudo parece esgotar.

tecido

De tempos desses foi que nunca mais Das Delas deu carne de passagem. O segredo dela havia aberto um buraco na terra que num tinha mais fim. Foi que ela descobriu que lá de dentro do buraco devia de se afastar para caber coisas outras. Sabida sabendo foi que voou pra longe do buraco com receio que o este dele puxasse ela de volta pro lugar de dentro. Ah, que boniteza tamanha que o mundo se girou: desde aquele tempo que Das Delas aprendeu o novo segredo. Inventou de tecer um mundo, começou tecer fio de fio, foi puxando de um pra outro, um lado que foi, o outro que ia, passando bem longe da tamanhadura do buraco, foi que se deu o apercebido que o que ela se fazia era uma rede para não cair mais em buraco, que de nenhum corpo mais podia habita o espaço de dentro. de dentro daquele não.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Estou a beira de completar 32 anos. A amiga de ontem perguntou como estava o inferno astral... Pensei inferno, pensei astral... não consegui conciliar. o corpo estava cansado e tombado. Dormi por dois dias seguidos. Estava exausta. A tristeza me tomando e ai me dei conta que ao fazer 5 personagens em uma noite destruiu minha resistência física. Sempre tão difícil ser uma só...
Hoje o tempo parou. Frações de segundos parado. Um mundo passou pela frente. Um mundo que eu tinha sonhado e que acontecido estava.

domingo, 7 de agosto de 2011

atualização

De um tempo pra cá deixei de postar aqui no blog e estava postando apenas em rede social. Dia desses, Amor meu, de muita confiança, disse que lia as coisas aqui e não na rede... Decidi, então, colocar alguns pensamentos em ordem cronológica de post da rede e nunca mais deixar de postar aqui. O espaço é mais meu, pensei. Queria também dizer que esse é o tempo que inicia a liberação. É daí pro antes delas:

22 de junho
Vanessa Almeida diz que há no centro de todas as galáxias um buraco negro de verdade. ao mesmo tempo que é conhecido como a força mais destrutiva do cosmos ele se encontra exatamente no centro da nossa imensa casa de estrelas. Ao ser poeta, sinto saber. Óbvio o caralho!

05 de julho
E C L I P S E: EU E VOCÊ

06 de julho
e c l i p s e: nossos corpos.

06 de julho
meu corpo se movimenta, mais que minha cabeça... pensamentos do CORPO.

10 de julho
suave suave flutuando com uma cordinha nas mãos do Amor.

13 de julho
‎... Ele (o Amor) caminha pelas ruas: chuva, silêncio e iluminação: vem me encontrar...

16 de julho
João Vitor insiste me perguntar se os deuses realmente existem... Respondo não saber ao certo. De sopetão ele diz: "Claro que ainda existem, eles são imortais!"

23 de julho
Acordo sob o sonho do Amor: nossa trajetória, caminhos de faróis abertos atrapalhando a tempestade de afeto, mas sinalizando caminho livre também: seguida um túnel de flores, passamos por ele à pé. Bonito de ouvir e de viver. Em seguida ouço a composição de D. Zica Quantas flores, ela compôs para o marido. Suave, sereno, belo como meu amor.

26 de julho às 11:28
Ai, Lua fica nova?

26 de julho às 11:30
gêmeos míngua vai... mas míngua logo... tá ficando chato!

26 de julho
O pior sempre tem sido a solidão, e veja bem que não falo da Solidão, aquela intrínseca, falo da solidão de vontade, de desejos, de utopias... Tudo fica sempre mais difícil nesse mundo em que "as coisas NÃO podem dar certo".

27 de julho
muitos sonhos, múltiplas possibilidades. nós nos enrolávamos um ao outro e nos desenrolávamos... nossas crianças estavam vivas.

28 de julho
Estamos no PRESENTE. A vida é um presente!

03 de agosto
‎"E eis que depois de uma tarde de "quem sou eu" e de acordar à uma hora da madrugada em desespero. Eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei.
Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação.
Simplesmente, eu sou eu, você é você.É livre, é vasto, vai durar.
Eu não sei muito bem o que vou fazer em seguida mas, por enquanto, olha pra mim, e me ama! Não! Tu olhas pra ti e te amas.
É o que está certo." por Clarice Lispector

06 de agosto
havia duas luas no céu. céu lindo que era. uma lua encoberta, mostrava-se apenas vazada. outra lua, descarada, aparecia inteira. grande grandiosa. nós depois de olharmos descíamos ladeira, corríamos de amor: mãos dadas: risos: nossa infância, juntas, lado-a-lado. acordo com teu corpo. junto ao meu.

Conversa de Ulisses em brincadeira com a realidade

Ulisses com o telefone celular:
- Oi? Tudo bem?
[pausa]
- Estou na minha casa, comendo pipoca e assistindo “tevisão”.
[pausa]
- Quem é?
[pausa]
- Oi Dani...
[pausa]
- Não, não...
[após uma pausa retira o fone da orelha e diz: “Desligou, pai”

sexta-feira, 1 de julho de 2011

João e a mitologia

Em retorno de viagem, furadas estradas montanhosas das gerais, João sempre quer saber histórias de dar medo. O padrasto narra algumas, mas a chuva e a intensidade de caminhões não permite muitas narrativas. ocupo-me então de narrar algumas histórias que conheço: Sedna e a mulher-esqueleto, Perséfone e Deméter, A Guerra dos Titãs. Nossa viagem vai se colorindo e aos poucos vem aquelas perguntas deliciosas que em algum momento da vida todos nós fazemos: "Mas mãe, essas histórias aconteceram mesmo? os Titãs gigantes existem?". E... silêncio... existiram, talvez ainda existam de alguma forma, meu filho... Começamos então numa conversinha deliciosa sobre as mitologias grega, cristã, africanas, hindu, nórdica. Fazer entender que todos os povos fizeram perguntas como aquela que ele estava fazendo. Tentando dizer o indizível. Ver o invisível. Enfim, fomos tecendo essa conversinha, que me salvava do pânico que tenho do trânsito das estradas e da velocidade dos carros, que João pode dizer que Chronos (aquele que decepou o pênis do pai para dar libertação à mãe das dores que sentia e dar passagem aos irmãos para sairem do útero da mãe), disse sabido, e Exu, com seu machado e seu pênis, eram parecidos. Juntos lembrei a ele dos rituais do candomblé em que Exu é o primeiro a entrar na gira, dando caminho aos outros Orixás (deuses), na passagem do mistério à vida. Desde então, João está voraz na pesquisa das histórias de mitologia e pude ainda descobrir que o seu impulso veio de um jogo do vídeo game God of war.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Meninos-leitores

Os níveis de leitura são múltiplos, mesmo. Meu pequeno Dimitri desde pouco depois de um ano tem uma relação interessantíssima com os livros...
O que foi preciso? Gastar alguns exemplares entre as leituras dele e do irmão Ulisses, oportunizando a descoberta do livro e sua função e manter os livros na altura como outros brinquedos.
Sou mãe de dois bebês e de um juvenil, tenho outras ocupações que me impedem de estar mais próxima de suas brincadeiras. Por vezes, as demandas me alheiam deles, mas com o pouco tempo que me resta junto deles, pude ir apresentando o livro, fazendo leitura, mostrando as imagens, reinventando histórias que os incluiam na viagem, criando vozes...
Nunca extrapolei a possibilidade de alguns minutos ali, próximo...
O Ulisses foi quem se encarregou de multiplicar o desejo com o Dimitri. Ele começou a criar vozes, aos poucos, e eu, entre uma faxina, uma água no fogo, um arroz cozinhando,uma preparação de aula espiava sua labuta imaginativa. O livro passou a acompanhá-los à escola, à casa dos avós, às nossas pequenas viagens de carros de casa para o trabalho, para escola ou para o mercado. A paixão inventada no Ulisses passou inventar o Dimitri. O primeiro livro, "Dedinhos ocupados" presente de uma tia, foi seu livro mestre. Lembro-me de perceber seus olhinhos correndo a página de um lado ao outro, como se nada encontrasse, ficava por minutos enfeitiçado em meio a tantos borrões. Dias mais tarde foi que pensei em mostrar a ele as formas. Peguei um bichinho que havia desenhado, o sapo, e fui delineando a forma e contando histórias daquele sapo. Pouco tempo depois, algum tempo de abandono da brincadeira, via que ele repetia tentativas de imitação de um personagem da história, o menino que passeia pela floresta. Em uma imagem o personagem estava de boca aberta e então quando vi, Dimitri, estava com a boquinha aberta, olhando fixamente para a imagem. Sim, estava certo, eles aprendem a imitação... Imagina se ficasse preso na mãe, corrida correria do dia-a-dia pouco tem do corpo para doar de boas imagens, paradas, como aquela do livro.
A evidência do processo permanece, todos os dias os meninos pegam um lvro antes de ir para escola, curiosamente, não fomos nós quem lhes deu a idéia. brotou na cabeça de um, o outro foi e comprou a idéia e na escola são conhecidos como os meninos-leitores.
Foi evidente o processo desde quando tudo era um borrão, quando foram se destacando as formas e seu processo de aprendizagem das mensagens. Hoje, ele está com 1 ano e 6 meses e lê as imagens nos livros, reproduz o que vê. Experimentando.Por vezes, aponta e ri quando algo lhe diz e quer dividir. Sua concentração e entusiasmo são impressionantes!
Ulisses como mestre-aprendiz segue orientando em direção a novas perspectivas de apreensão do mundo. Eu e papai ficamos felizes por saber que o mundo da leitura os darão muitas possibilidades de se entender e amar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sonhos vindo de minhocas metais subterrâneas à minhoca terrestre. Trem e metrô. Metrô sempre com milhões de possibilidades, é mais difícil sonhar que se está mais próximo do centro da terra. Ai o eterno espiral. Impressionante a vida. Depois quando é o trem, esse que travessa de um lado da vida e nos leva pro outro lado da morte. Tudo tão lá tão cá. Tava lá, eu, com um menino difícil do lado esquerdo, com uma menina doce do lado direito... Tava nós lá. Olhando pra janela. Hipnotizada, no trem, no túnel, na vida. chega hora de despertar. Pendura-se na porta e toma vento na cara. Estamos aqui, do lado de cá, constituindo nossas relações. Na boca do centro, experiencia feita em ventre da Terra, todos lá, gozavamos o amor, pediamos e imploravamos: POR TODAS AS NOSSAS RELAÇÕES. Lá era a eternidade, enquanto isso, aqui, estamos encontrando o Amor, por todas as nossas relações. AHOM

sábado, 21 de maio de 2011

É que a dela, a de osso fraco-frágil, apareceu de dia pra dar comparecimento do corpo. Foi respirando o respirado do corpo, com o corpo sentindo o sentido que ela quase deu de dorminhoca. Mas o acordado do espaço espaçou pra fora e o seguinte se deu no parar da caminhada que lembrou que a criança dela num tinha o corpo encorpado. E o corpo sem corpo, se não pode vida, tem que inventar a armadura no espaço. Daí que o espaço judia no seu não existir que é. Coração até tremeu de chorar por dentro: que gota de água pura escorreu de canto de olho.
E a gente dá jeito de fugir, mas a fuga se não se dá no repente, se dá no seguinte. O pé da dela foi fincando no lembrado, cada passo uma habitação. D’Ela foi lembrando do tempo de antes, quando dos defenderes eram outros. Dela pensou que não era o d’agora resolvido, que o espanto de tudo espantou outro tempo, quando, no enquanto, ela via boneca no guarda-roupa, descabelada, despenteada, achando corpo que se achasse mais bonito.
Onde ela entrava esse tempo todo?
Era dentro do olho ruim.
Olho desacertado, desconcertado que mata o brilho do Encontrar.
Lembrava ela que de todas as bonecas, que ela temia, uma fazia tremer e a boneca essa era a que virava passarela. Ligava o belo ao bem feito, que num era ela. Causo que o belo dela era Outro e o bem feito, mais parecia mal feito. E lá naquele lugar ela sabia da coisa mais difícil: sabia que aquele sonho num existia de acontecer no nunca. Porque era tudo incongruente dela.
Mas era lá então que a criança morava: dentro do olho ruim. O olho de ruim que era prendia a criança lá. Ela que desescondia dor na fantasia do prazer. Só sozinha vivia criar espaço de verdade existir. Olhava a fechadura de porta onde o vestido de noiva era mais bonito. Se se lembra da velha, da outra, dos vestidos e da curuca. o tempo não passou lá, dentro daquele olho.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dentre elas, a das delas pôs sonda no olho outro. Pediu observação pr’alma dela. De se ver-olhar o que de havia de fraco, de frágil. De escudento na asa da palavra. Que se a palavra vazava, se a palavra avisava, se a palavra assim era, era que havia de parecer ter escudo na palavra, que ela entendia de asa.
Foi ai que o mundo se abriu devagar e lento, foi se adivinhando modo-outro de ficar. Modo-outro de perceber o frágil-fraco de onde vinha de fora, para encontrar o fraco-frágil do de dentro. Abriu espelho em ângulo desses. De olhar, de ad-mirar o instante e o estante, ou ex-tante... Lembrou de poeta mulher que dizia do it... Ficou no it e depois morreu.
Da passagem do pensamento pelo trem, foi que trem passou e a dela entrou dentro. Lá perdida no fraco-frágil de ser seu. De dentro da vida, desceu no paraíso, mas de tão dentro do paraíso, ficou na passagem errada. Era preciso voltar e fazer caminho novo, que se abrisse sem arrependimento só, que cuidasse de cuidado ser.
Do trem, vôo que vôo, a terra é o subterrâneo, menos quente que centro, mais quente que sendo. Do pulo de lá se vai pro lugar onde tem da delas-outras.
Na chegada do alto lugar, terreno entre delas fica-se com uma de olhar de medo e cuidado carinho com o saber da gente. Sabe-se lá, mas de todas delas desse lugar, essa parece ter lugar de olhar cuidadoso. Olhar desses que procura o novo e a da delas daqui gosta. Ficamos que aos tricôs da construção do dia antes foi se vivendo, com cuidado-carinho. Depois tudo se foi indo de calma-tranquila a estranho-estranhoso. Foi se indo buscando o olho encontrar descrição de feito e fato. Fim de algum tempo outra delas de lá foi visitar casa. Olho viu no espelho, olho outro... Tem uma coisa que dói. O frágil-fraco é existente mesmo e vivo está até que se transforme. Sempre se espera algo essa delas. Passa dia pra diante seguinte. Semana outra algo se alumiando.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

27/04/2011
O olho dela, a daqui, acordou cedo tinindo de sangue escorrido, batendo seco no solo, esbravejando pra morte que não sabia mais que ser feito. Que milagre não se advinha e que os torto sempre permanecerão no embargo da voz da dela.
Se caminho refugiado, refugia o seco: o tempo do quando ficou desaparecido. Só resta a lembrança da velha delas, que no meio do estrume aconteceu de viver, lá no quartinho do fundo do lugar donde a dela não quer mais voltar.
O espírito parece que também advinha, a árvore delas coberta de coisa. Coisa que foi feita distante, outrora.
Tudo fica de misturado e confuso que a dela num sabe mais onde prumar. A cuca frouxa revira-num-volta e teme perder-se no labirinto criado, criatura dela.
Dia desse o pensamento ficou no menos antigo, lembrou que uma delas fazia era corte de vestido de noiva pra mulher que não era delas começar a vida feliz. Fazia que desfazia o bolado. A das delas, menor, que era ajudante ante. Fazia o apoio do rebuliço acontecer. Levava tapa na curuca quando inventava de brincar com o feliz das outras, que era princesa de certo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

História de rei, raposa, tartaruga e formiga.

Certa tanta, a raposa, a formiga e a trataruga foram convidadas a realizar um ofício para o rei da floresta.
O trabalho seria realizado na floresta mesmo, lugar conhecido dos três animais.
Só não se sabia como os três iriam se ajeitar para realizar juntos:
A raposa decidiu que sabia o caminho e traçou a rota, simplesmente, para a formiga e a tartaruga.
A formiga decidiu chamar um batalhão para dar ajuda, mas não conseguiu convencer a raposa e a tartaruga.
A tartaruga com seu lento entusiasmo chegou apenas a pronunciar seu conhecimento de 150 anos, mas não conseguiu contar às outras que correram à frente.
Do jeito que ia, nada podia ser feito e o trabalho ficou empacado, causando no rei da floresta forte ira.
Dessa forma, esbravejando como um rei, esse teve que, literalmente, decidir dar a cada um desses animais, o bastão correspondente a suas qualidades:
- à raposa foi dado a perspicácia;
- à formiga, a organização;
- à tartaruga, a sabedoria.
Da união da qualidade dos três, e cada um sabendo o que sabia, reuniram-se e realizaram o trabalho.

sábado, 16 de abril de 2011

O medo me pega forte, rasga minha realidade e expõe minha carne... O medo me descentraliza, me desfoca, me descola... Cansei de ter medo assim. Quero me refazer com menos medo.
Junto delas, apenas consigo falar delas. O olho: explicação da que delas já havia curado o olho. Tinha endireitado o torto. Achado melhor lugar de olhar. A coisa toda já estava encantada. Tinha esta descoberto que do olho ruim nada se deve ver, causo que o bom é de ad-mirar a vida. Se se mira certa certeza, o tonto desaparece e a bala sai da canela. Foi assim que se entendeu. Mas era preciso desabafo. Foi mostrar de ver como o olho ruim tava funcionando detrás da retina: que das delas, as outras, já se sabia que construía a teia e que a maldição devia mesmo era de continuar, se estender para as próximas árvores do lugar de lá.
A dor doía fundo enquanto se desdizia o feito. O olho ruim da uma delas saltou de ver tanta feiúra, mas num teve causo de se tocar de parar seguinte fala, ela foi esgotada até o sangue ruim escorrer.
Dá medo de dia desses a coisa continuar. Deve se encerrar estória, mas num se encurta o caminho da viagem. O tempo de mim Delas vai se esgotando, mas enquanto não acaba acontece de o coração ficar repousado no olho mau. Ele sangra, quer molhar de chorar, mas a gota fica parada na decisão de ir pra lá ou pra cá.
O Teatro ia acabar de vir, quando se vai ver palhaço em boca de praça feita. Foi atrasado o tempo, mas chegado instante se vê o palhaço palhaçada vestir de nu o rei, que enganado foi a festa.
A festa tinha de acontecer e sem querer levar uma delas junto decidiu fazer pesagem passagem na curandeira que recomendou uma poção que calasse o instante. De certo funcionou, porque em instante o coração se desviou de dentro e sorriu um pouquinho pra fora, pra beber paragem de amor de Outro, amor de gente fora, gente que não acontece todo dia. Foi se decidindo deixar a gota da água de dentro num escorrer. Escolheu assim sorriso regular e foi pra fora tentar num ver. Foi que tudo se ajeita, a boca abre-fecha num cessar desespero, que desencontro, daí foi que. A poção, o esconder parecia que funcionava até que no repente do instante outro a dor voltou e o olho se desescondeu detrás do coração rasgado, pouco tempo se teve para disfarçar e encontrar uma solução para o rei nu não aparecer... Parecia funcionar, mas o tempo, já andava desregulado. O oi. O ai. O hum. Já não chegava, um golpe, um tempo, rasgo, fundo, lança, corta... de repente quando se vê, está fora de qualquer lugar, sentindo dor tão profunda que o sangue parece escorrer e ensangüentar todos os Outros, eles que lá de fora já num se via. Só de dentro e de dentro perfura, rasga e dói.
O olho saído pra fora, já não mais arranja tempo de nada... Só tenta ver que é assim que se é e que nada mais pode ser feito, sentir... Difícil sentir. A procura da porta de saída, essa é a primeira busca... Sempre é delas a primeira busca.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Tudo no mundo começou com um sim, é preciso dizer sim para que algo aconteça"
Mme Clarice Lispector
De dentro do espaço
lá dentro
lá no fundo, na retina do lugar
a doença se faz
se transita
se diz onde é e pra que é
aos poucos se vê
o olho revirado fica...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O olho delas era virado pro ruim: andava às esquerda, de braço dado pro demo e assim seguiram o eterno da vida sem ninguém mais achar nelas o bom do dia, só vivendo a escuridão da noite-breu.
E se começou: que para dar acerto, certo do caso, era preciso mesmo que dentrasse no olho virado e sapientasse lugar de esquecimento.

domingo, 10 de abril de 2011

LUTO LUTA

Quanto aos meninos e meninas do Rio: não sei o que é mais difícil, encontrar uma explicação ou verificar se nossos filhos são os cumuladores de águas tão violentas.

Antes da chegada DELAS

Acordo sobressaltada. Tonteira imediata. Memória do sonho: estava sendo assaltada. Uma briga de trânsito e sou levada para emboscada. Dois homens, moços, jovens. Bonito, padrão. Leva-me para local em que se promete alimento. Lá tenta-me violentar, desconverso, insinuo trapaça. Em meio ao trânsito, a arma é sacada. Luta-se contra a bala, escolho meus pés a serem acertos. Por fim, a arma disparada, seu percurso em câmera lenta. Ajuda de crianças, várias. Fuga. Escape.
O dia me acompanha a tonteira, para uns pode dizer em labirintinte.
Por fim, no dia, assisto ao espetáculo da vida real. Enquanto adormecemos olhando para nosso umbigo, vem lá a conclusão: nossas mulheres, enquanto venderem seu amor próprio, enquanto condicioná-lo, sentiremos no pulso a vingança... A terra em estremecimento.
No fim do dia entendo: o labirinto me entontece.
Nunca as minhas mulheres me doeram tanto. Doem-me ancestralmente, milenarmente. Doem-me as ancas, os pensares, as náuseas, o sufoco, o peso, o grito. Doe–me o congelamento, a aceitação. A crueza de um útero seco.
Doe-me as teias malditas que são lançadas por toda uma geração e depois enlaça e tece mais várias outras gerações. Dói porque sinto, não por julgares. Dói por entender, não por crucificar.
Avante vemos outras aranhas dessas vindo, menores, mais profundas. Ligadas a teias que desconhecem e por desconhecerem lançam-se no escuro. Na escuridão da morte.
Doe-me a construção de sapos-príncipes que sofridos de suas casas ocas refugia-se no centro da roda da fêmea que o abraça. È uma grande roda anunciada. Não há culpados.
Mas nesse giro se faz mais e mais dor, mais e mais pesares, mais e mais náuseas.
E se pensar romper, se irrompe dor maior. O corpo grita. Ele conta, narra, espeta, grita a ancestralidade. Não mais.