quarta-feira, 14 de julho de 2010

maeternidade

a pouco, enquanto ninava um dos sonhos daqui, fui surpreendida com um olhar profundo e sincero que me fez lembrar a primeira vez em que "vi" minha mãe. Digo, primeira vez dentre todas as outras, não fui criada longe dela, fui crida por ela, mas...
não sei que idade tinha, talvez 13, 14 anos, talvez mais. o tempo do cronos não me reteve, mas a sensação interna nunca mais pude esquecer.
cada vez que me vem a imagem é como se tivesse acontecido a um minuto atrás. no eterno do tempo...
naquele momento meus olhos se debruçaram sobre seu rosto e foi como se tivesse saido de um encantamento. vi minha mãe. vi seus olhos. a textura e cor de sua pele.
dali nunca mais pude vê-la da mesma maneira, pois que ao fato sucedeu-se inúmeros insights e reflexões sobre a sua existência.
acho mesmo que foi naquele dia que nosso cordão foi cortado. não no eterno corte. mas naquele corte que nos fragmenta e inícia um processo que parece nunca mais acabar. aquele o qual até hoje me faz juizo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

GRADUAÇÃO

Há uma semana finalizei um trabalho de dez anos. A sensação que temos quendo iniciamos algo e não concluimos é que para todo sempre estaremos acorrentados.
Quando olho "ao quê", vem sempre a pergunta de até quando iremos disfarçar? até quando teremos que utilizar a máscara para ser algo, poder dizer algo?
Sinto-me muito bem por ter fechado essas dez anos, apenas não acredito que para além do papel haja-me serventia. O papel me autoriza adentrar mais ainda num mundo de mentiras e bobagens. Todos nós correndo, desesperados prontos para irmos não se sabe para onde. Correndo a buscar a recompensa do "quê"?
Sinto-me agora amargada, amarga, jiló... o tempo me fez ver/sentir assim...
Isso jamais significa que deixei de acreditar na vida. Aliás, agora mesmo é que acredito. Mas o gosto da bilis me salta a boca quando entro em contato com o PAPEL. Aquele que me deu um grau. GRAU. DEGRAU. para cima ou para baixo? Sou mais um número, então. Nem importando para que direção.
e ouso repetir: não quero a faca nem o queijo, quero a fome!

AOS DADOS

lamento tanto. lamento quando entro em uma escola… lamento quando esses dados projetam. o que projetam… para mim, minha alma: longe estamos. longe de qualquer coisa cuidada e humana. longe de qualquer ideal. escolha.
se não preocupamos com os números, preocupamo-nos com o Nada. o Nada que nos acerta. aquele que deparamos todos os dias quando nos desagregamos no trânsito por nossa intolerância. quando dirijo-me a uma Unidade Básica de Saúde e sinto-me desagregada por tamanha (des) informação. informação mesma da forma. dessa forma que é a educação. dessa forma que é a que deforma, que numera, que quantifica, que desqualifica, que disfarça, que sempre e sempre reage.
Abaixo aos números! E como diria a poeta: Não quero a faca nem o queijo: quero a fome!