sexta-feira, 1 de julho de 2011

João e a mitologia

Em retorno de viagem, furadas estradas montanhosas das gerais, João sempre quer saber histórias de dar medo. O padrasto narra algumas, mas a chuva e a intensidade de caminhões não permite muitas narrativas. ocupo-me então de narrar algumas histórias que conheço: Sedna e a mulher-esqueleto, Perséfone e Deméter, A Guerra dos Titãs. Nossa viagem vai se colorindo e aos poucos vem aquelas perguntas deliciosas que em algum momento da vida todos nós fazemos: "Mas mãe, essas histórias aconteceram mesmo? os Titãs gigantes existem?". E... silêncio... existiram, talvez ainda existam de alguma forma, meu filho... Começamos então numa conversinha deliciosa sobre as mitologias grega, cristã, africanas, hindu, nórdica. Fazer entender que todos os povos fizeram perguntas como aquela que ele estava fazendo. Tentando dizer o indizível. Ver o invisível. Enfim, fomos tecendo essa conversinha, que me salvava do pânico que tenho do trânsito das estradas e da velocidade dos carros, que João pode dizer que Chronos (aquele que decepou o pênis do pai para dar libertação à mãe das dores que sentia e dar passagem aos irmãos para sairem do útero da mãe), disse sabido, e Exu, com seu machado e seu pênis, eram parecidos. Juntos lembrei a ele dos rituais do candomblé em que Exu é o primeiro a entrar na gira, dando caminho aos outros Orixás (deuses), na passagem do mistério à vida. Desde então, João está voraz na pesquisa das histórias de mitologia e pude ainda descobrir que o seu impulso veio de um jogo do vídeo game God of war.