quarta-feira, 27 de abril de 2011

27/04/2011
O olho dela, a daqui, acordou cedo tinindo de sangue escorrido, batendo seco no solo, esbravejando pra morte que não sabia mais que ser feito. Que milagre não se advinha e que os torto sempre permanecerão no embargo da voz da dela.
Se caminho refugiado, refugia o seco: o tempo do quando ficou desaparecido. Só resta a lembrança da velha delas, que no meio do estrume aconteceu de viver, lá no quartinho do fundo do lugar donde a dela não quer mais voltar.
O espírito parece que também advinha, a árvore delas coberta de coisa. Coisa que foi feita distante, outrora.
Tudo fica de misturado e confuso que a dela num sabe mais onde prumar. A cuca frouxa revira-num-volta e teme perder-se no labirinto criado, criatura dela.
Dia desse o pensamento ficou no menos antigo, lembrou que uma delas fazia era corte de vestido de noiva pra mulher que não era delas começar a vida feliz. Fazia que desfazia o bolado. A das delas, menor, que era ajudante ante. Fazia o apoio do rebuliço acontecer. Levava tapa na curuca quando inventava de brincar com o feliz das outras, que era princesa de certo.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

História de rei, raposa, tartaruga e formiga.

Certa tanta, a raposa, a formiga e a trataruga foram convidadas a realizar um ofício para o rei da floresta.
O trabalho seria realizado na floresta mesmo, lugar conhecido dos três animais.
Só não se sabia como os três iriam se ajeitar para realizar juntos:
A raposa decidiu que sabia o caminho e traçou a rota, simplesmente, para a formiga e a tartaruga.
A formiga decidiu chamar um batalhão para dar ajuda, mas não conseguiu convencer a raposa e a tartaruga.
A tartaruga com seu lento entusiasmo chegou apenas a pronunciar seu conhecimento de 150 anos, mas não conseguiu contar às outras que correram à frente.
Do jeito que ia, nada podia ser feito e o trabalho ficou empacado, causando no rei da floresta forte ira.
Dessa forma, esbravejando como um rei, esse teve que, literalmente, decidir dar a cada um desses animais, o bastão correspondente a suas qualidades:
- à raposa foi dado a perspicácia;
- à formiga, a organização;
- à tartaruga, a sabedoria.
Da união da qualidade dos três, e cada um sabendo o que sabia, reuniram-se e realizaram o trabalho.

sábado, 16 de abril de 2011

O medo me pega forte, rasga minha realidade e expõe minha carne... O medo me descentraliza, me desfoca, me descola... Cansei de ter medo assim. Quero me refazer com menos medo.
Junto delas, apenas consigo falar delas. O olho: explicação da que delas já havia curado o olho. Tinha endireitado o torto. Achado melhor lugar de olhar. A coisa toda já estava encantada. Tinha esta descoberto que do olho ruim nada se deve ver, causo que o bom é de ad-mirar a vida. Se se mira certa certeza, o tonto desaparece e a bala sai da canela. Foi assim que se entendeu. Mas era preciso desabafo. Foi mostrar de ver como o olho ruim tava funcionando detrás da retina: que das delas, as outras, já se sabia que construía a teia e que a maldição devia mesmo era de continuar, se estender para as próximas árvores do lugar de lá.
A dor doía fundo enquanto se desdizia o feito. O olho ruim da uma delas saltou de ver tanta feiúra, mas num teve causo de se tocar de parar seguinte fala, ela foi esgotada até o sangue ruim escorrer.
Dá medo de dia desses a coisa continuar. Deve se encerrar estória, mas num se encurta o caminho da viagem. O tempo de mim Delas vai se esgotando, mas enquanto não acaba acontece de o coração ficar repousado no olho mau. Ele sangra, quer molhar de chorar, mas a gota fica parada na decisão de ir pra lá ou pra cá.
O Teatro ia acabar de vir, quando se vai ver palhaço em boca de praça feita. Foi atrasado o tempo, mas chegado instante se vê o palhaço palhaçada vestir de nu o rei, que enganado foi a festa.
A festa tinha de acontecer e sem querer levar uma delas junto decidiu fazer pesagem passagem na curandeira que recomendou uma poção que calasse o instante. De certo funcionou, porque em instante o coração se desviou de dentro e sorriu um pouquinho pra fora, pra beber paragem de amor de Outro, amor de gente fora, gente que não acontece todo dia. Foi se decidindo deixar a gota da água de dentro num escorrer. Escolheu assim sorriso regular e foi pra fora tentar num ver. Foi que tudo se ajeita, a boca abre-fecha num cessar desespero, que desencontro, daí foi que. A poção, o esconder parecia que funcionava até que no repente do instante outro a dor voltou e o olho se desescondeu detrás do coração rasgado, pouco tempo se teve para disfarçar e encontrar uma solução para o rei nu não aparecer... Parecia funcionar, mas o tempo, já andava desregulado. O oi. O ai. O hum. Já não chegava, um golpe, um tempo, rasgo, fundo, lança, corta... de repente quando se vê, está fora de qualquer lugar, sentindo dor tão profunda que o sangue parece escorrer e ensangüentar todos os Outros, eles que lá de fora já num se via. Só de dentro e de dentro perfura, rasga e dói.
O olho saído pra fora, já não mais arranja tempo de nada... Só tenta ver que é assim que se é e que nada mais pode ser feito, sentir... Difícil sentir. A procura da porta de saída, essa é a primeira busca... Sempre é delas a primeira busca.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

"Tudo no mundo começou com um sim, é preciso dizer sim para que algo aconteça"
Mme Clarice Lispector
De dentro do espaço
lá dentro
lá no fundo, na retina do lugar
a doença se faz
se transita
se diz onde é e pra que é
aos poucos se vê
o olho revirado fica...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O olho delas era virado pro ruim: andava às esquerda, de braço dado pro demo e assim seguiram o eterno da vida sem ninguém mais achar nelas o bom do dia, só vivendo a escuridão da noite-breu.
E se começou: que para dar acerto, certo do caso, era preciso mesmo que dentrasse no olho virado e sapientasse lugar de esquecimento.

domingo, 10 de abril de 2011

LUTO LUTA

Quanto aos meninos e meninas do Rio: não sei o que é mais difícil, encontrar uma explicação ou verificar se nossos filhos são os cumuladores de águas tão violentas.

Antes da chegada DELAS

Acordo sobressaltada. Tonteira imediata. Memória do sonho: estava sendo assaltada. Uma briga de trânsito e sou levada para emboscada. Dois homens, moços, jovens. Bonito, padrão. Leva-me para local em que se promete alimento. Lá tenta-me violentar, desconverso, insinuo trapaça. Em meio ao trânsito, a arma é sacada. Luta-se contra a bala, escolho meus pés a serem acertos. Por fim, a arma disparada, seu percurso em câmera lenta. Ajuda de crianças, várias. Fuga. Escape.
O dia me acompanha a tonteira, para uns pode dizer em labirintinte.
Por fim, no dia, assisto ao espetáculo da vida real. Enquanto adormecemos olhando para nosso umbigo, vem lá a conclusão: nossas mulheres, enquanto venderem seu amor próprio, enquanto condicioná-lo, sentiremos no pulso a vingança... A terra em estremecimento.
No fim do dia entendo: o labirinto me entontece.
Nunca as minhas mulheres me doeram tanto. Doem-me ancestralmente, milenarmente. Doem-me as ancas, os pensares, as náuseas, o sufoco, o peso, o grito. Doe–me o congelamento, a aceitação. A crueza de um útero seco.
Doe-me as teias malditas que são lançadas por toda uma geração e depois enlaça e tece mais várias outras gerações. Dói porque sinto, não por julgares. Dói por entender, não por crucificar.
Avante vemos outras aranhas dessas vindo, menores, mais profundas. Ligadas a teias que desconhecem e por desconhecerem lançam-se no escuro. Na escuridão da morte.
Doe-me a construção de sapos-príncipes que sofridos de suas casas ocas refugia-se no centro da roda da fêmea que o abraça. È uma grande roda anunciada. Não há culpados.
Mas nesse giro se faz mais e mais dor, mais e mais pesares, mais e mais náuseas.
E se pensar romper, se irrompe dor maior. O corpo grita. Ele conta, narra, espeta, grita a ancestralidade. Não mais.