domingo, 10 de abril de 2011

Nunca as minhas mulheres me doeram tanto. Doem-me ancestralmente, milenarmente. Doem-me as ancas, os pensares, as náuseas, o sufoco, o peso, o grito. Doe–me o congelamento, a aceitação. A crueza de um útero seco.
Doe-me as teias malditas que são lançadas por toda uma geração e depois enlaça e tece mais várias outras gerações. Dói porque sinto, não por julgares. Dói por entender, não por crucificar.
Avante vemos outras aranhas dessas vindo, menores, mais profundas. Ligadas a teias que desconhecem e por desconhecerem lançam-se no escuro. Na escuridão da morte.
Doe-me a construção de sapos-príncipes que sofridos de suas casas ocas refugia-se no centro da roda da fêmea que o abraça. È uma grande roda anunciada. Não há culpados.
Mas nesse giro se faz mais e mais dor, mais e mais pesares, mais e mais náuseas.
E se pensar romper, se irrompe dor maior. O corpo grita. Ele conta, narra, espeta, grita a ancestralidade. Não mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário